"retomadas"

Termina nesta quarta campanha de financiamento para livro com fotos do MST vetadas no MASP

Publicação pretende dar visibilidade a imagens que foram excluídas de mostra por suposto descumprimento de cronograma

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Foto de João Zinclair mostra integrantes do MST; imagem foi vetada na exposição do MASP - João Zinclair

Termina nesta quarta-feira (9) uma campanha de financiamento coletivo para publicação de um livro com fotos de momentos de luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) que chegaram a ser vetadas de exposição coletiva no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) em maio deste ano.

Quem quiser e puder colaborar pode acessar o site Catarse, clicando neste link, e escolher a modalidade de contribuição. Os valores começam a partir de R$ 15, e cada pessoa que contribuir ganhará uma recompensa. Até a tarde desta terça (8) já haviam sido arrecadados cerca de R$ 67 mil. O objetivo da campanha é chegar aos R$ 100 mil.

Entenda o caso

Organizado pelas curadoras Clarissa Diniz e Sandra Benites, o livro pretende dar visibilidade a um episódio que entrou para a história da institucionalidade das artes no Brasil. Inicialmente, a programação era de exibir as fotos e documentos na exposição "Histórias Brasileiras", que tinha estreia prevista para julho.

Em maio, alegando problemas de cronograma, a direção do Masp vetou a inclusão do material do MST na mostra. Também foram atingidas pela medida fotografias dos artistas André Vilaron, Edgar Kanaykõ e João Zinclar. 

Diniz e Benites, curadoras convidadas da mostra e agora organizadoras do livro, decidiram não mais participar da exposição após o episódio. Foram elas que avisaram os envolvidos na suspensão da exibição das obras.

"A gente vem combatendo esse silenciamento, enquanto corpo racializado, como mulher, indígena. Me vi enquanto uma mulher silenciada e isso levou a gente a tomar coragem, não sabíamos que isso iria dar repercussão. Como eu já venho de luta, eu carrego esse corpo coletivo, e fui pela maioria, enquanto indigena", disse Benites.

O assunto ganhou destaque em meio à classe artística. Depois de semanas de debate, a direção do museu voltou atrás e aceitou a inclusão das imagens. Diniz e Benites concordaram em voltar a participar da exposição, mas decidiram relatar o caso no livro.

A livro será publicado pela editora Expressão Popular, e tem previsão de lançamento para 2023. 

Edição: Thalita Pires