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Ritos institucionais, shows, segurança: conheça os detalhes da preparação para a posse de Lula

Petista iniciará terceiro mandato com direito a cerimônia oficial, shows artísticos e representação de 120 países

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Lula subirá a rampa do Palácio do Planalto pela terceira vez para assumir a presidência; público presente deve bater recorde em posses presidenciais - Wikimedia Commons

A posse presidencial do petista Luiz Inácio Lula da Silva vive seus últimos preparativos nesta semana. A organização, liderada pela equipe do próximo governo, espera um contingente de cerca de 300 mil pessoas no próximo domingo (1º) na Esplanada dos Ministérios, onde começa o rito do evento.

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Nesta terça-feira (27), o Congresso Nacional realizou uma simulação do cerimonial de posse, de forma a ensaiar os passos das equipes que irão atuar no dia. A programação de domingo é intensa e precisa ser cronometrada em diferentes atos. O roteiro se inicia com a chegada das autoridades e demais convidados, prevista para ocorrer entre 13h30 e 14h30. A partir das 13h45, começam a chegar os chefes de governo e de Estado que virão prestigiar o evento.

Ao todo, Lula irá receber representações de cerca de 120 países, sendo 53 delas compostas por chefes de Estado, de governo e ministros. Pelo menos 17 chefes de Estado confirmaram presença. Eles são dos seguintes países: Alemanha, Angola, Argentina, Bolívia, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Guiné-Bissau, Paraguai, Portugal, Suriname, Timor Leste, Uruguai, Zimbábue e Espanha, cujo representante será o rei Felipe VI. Em 2019, o presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu 10 chefes de Estado e 18 delegações, ao todo, durante a posse.

Dando sequência à programação, Lula e o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), chegarão à Catedral Metropolitana de Brasília entre 14h20 e 14h30, para logo depois saírem em cortejo da igreja até o Congresso Nacional. Ainda não se sabe se Lula desfilará em carro aberto. A equipe de segurança do petista defende o trajeto em veículo blindado para ampliar a proteção contra eventuais ataques de ódio, mas Lula resiste à ideia. Com perfil carismático e popular, o presidente eleito tem interesse em desfilar em carro aberto e deve tomar a decisão sobre o veículo usado no trajeto nos próximos dias.

Lula e Alckmin chegam à sede do Legislativo às 14h40, sendo recebidos em rito oficial pelos presidentes do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Às 15 horas tem início a sessão solene da posse presidencial, que ocorre no plenário.

A cerimônia se encerra às 15h50, quando Lula e Alckmin seguirão até a Sala de Audiências da Presidência do Senado Federal, de onde saem às 16 horas para a área externa do Congresso para presenciar a cerimônia de honras militares. Em caso de chuva, a programação externa será transferida para o Salão Branco da Câmara dos Deputados, conhecido como Chapelaria. Às 16h20 eles saem em direção ao Palácio do Planalto, onde Lula irá receber a faixa presidencial.

Conforme vinha sendo noticiado pela imprensa, Bolsonaro e o seu vice, Hamilton Mourão, não irão participar da solenidade, o que faz com que a faixa deva ser passada a Lula por outra pessoa. A equipe do novo governo estuda o caso e avalia colocar um representante da sociedade civil como alternativa, entre outras possibilidades. Por fim, depois que sair do Planalto, o novo presidente será recepcionado pelos chefes de Estado e representantes de outros países no Palácio do Itamaraty, localizado na Esplanada dos Ministérios.

Inovações

A posse tem características tradicionais, mas também terá algumas inovações este ano. Coordenada pela futura primeira-dama, Rosângela da Silva [Janja], a cerimônia contará, por exemplo, com a presença da cadela Resistência, adotada pela socióloga em Curitiba, quando Lula ainda estava preso na Superintendência da Polícia Federal na cidade.

O animal participará da cerimônia diretamente da rampa do Palácio do Planalto, como símbolo da resistência do petista durante o período em que ficou encarcerado. A solenidade terá ainda outras características diferentes do que ocorreu nas últimas posses presidenciais. Não haverá fogos com barulho, por exemplo, em respeito aos animais e às pessoas com deficiência e autismo.

A mudança atende a pedido feito por representantes desses segmentos, que também solicitaram que o novo governo evite os tradicionais 21 tiros de canhão típicos da solenidade. Feita pelo 32º Grupo de Artilharia de Campanha, a honraria foi criada ainda na época da proclamação da República, mas deve ser revista este ano. A equipe de Lula se articula com o Senado para tentar arquitetar uma alternativa a esse rito.

Shows

A programação de protocolos oficiais não é a única do dia da posse. Também haverá uma sequência de shows musicais que se iniciam às 10 horas e seguem até 13 horas, recomeçando depois às 18h30min, quando terminarem os ritos institucionais. Ao todo, 57 artistas irão se apresentar em dez shows diferentes.

É o chamado Festival do Futuro, que contará com nomes locais e nacionais concentrados em dois palcos, batizados de Gal Costa e Elza Soares para homenagear as duas cantoras da MPB que faleceram em 2022. Leoni, Martinho da Vila, Maria Rita, Pablo Vittar, Duda Beat, Zélia Duncan, Geraldo Azevedo e Paulinho da Viola figuram na lista das apresentações. O público que comparecer ao local poderá acompanhar a cerimônia oficial do desfile de Lula e os shows também por meio de telões distribuídos ao longo do espaço.

Operação

Por conta da magnitude e da importância do evento, a posse contará com um superesquema de segurança na Esplanada dos Ministérios e adjacências dos Três Poderes. Ao todo, 700 agentes da Polícia Federal irão atuar no local, que também terá esquadrão antibombas e barreira aérea para evitar a presença de drones pelas proximidades. As cerca de 300 mil pessoas esperadas na Esplanada precisarão passar por uma revista pessoal para entrar no local.

Também haverá atuação massiva de contingente da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF). O governo do Distrito Federal ainda não divulgou os detalhes da operação, que devem vir à tona nos próximos dias. Já se sabe, no entanto, que foram convocados inclusive agentes da área administrativa da polícia para trabalhar no patrulhamento ostensivo.

O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), reuniu-se com o governador do Distrito Federal, Ibaneis (MDB), nesta terça (27), e disse depois do encontro que a posse "ocorrerá como programada em todas as suas dimensões".

"Haverá mobilização integral, 100% das forças policiais do DF, tanto da Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, para garantir a segurança não só do presidente da República, mas das delegações estrangeiras e das pessoas que participarão do evento", disse o pessebista.

Edição: Thalita Pires