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Inflação sobe em abril pressionada por alimentos e remédios, mas cai a taxa acumulada em 12 meses

IPCA aumentou 0,38% no mês e contabiliza alta de 3,69% no período de um ano, segundo o IBGE

Brasil de Fato | Curitiba (PR)* |

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Produtos farmacêuticos subiram 2,84% em abril por conta do reajuste autorizado de medicamentos
Produtos farmacêuticos subiram 2,84% em abril por conta do reajuste autorizado de medicamentos - Agência Brasil

A inflação no país fechou o mês de abril em 0,38%, superando os 0,16% registrados no mês anterior. A alta de preços foi puxada pelo aumento do custo dos alimentos e remédios.

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Eles dizem respeito ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice oficial de inflação do país.

Segundo o IBGE, o grupo de despesas alimentação e bebidas registrou alta de preços de 0,7% no mês, puxada por itens como mamão (22,76%), cebola (15,63%), tomate (14,09%) e café moído (3,08%). Sozinho, o grupo foi responsável por 0,15 pontos dos 0,38% do IPCA de abril.

Já os itens de saúde e cuidados pessoais tiveram elevação de preços de 1,16%, correspondendo por outros 0,15 pontos do IPCA. Os itens com maior destaque foram os produtos farmacêuticos (com alta de 2,84%), impactados pela autorização de reajuste de até 4,5% nos preços dos medicamentos a partir de 31 de março.

Por outro lado, os artigos de residência e habitação tiveram deflação (queda de preços) no mês, de 0,26% e 0,01%, respectivamente.

Os demais grupos de despesas apresentaram as seguintes taxas de inflação: vestuário (0,55%), comunicação (0,48%), transportes (0,14%), despesas pessoais (0,10%) e educação (0,05%).

Segundo o IBGE, o IPCA acumula taxa de inflação de 1,8% no ano. Em 12 meses, a taxa acumulada é de 3,69%, abaixo dos 3,93% acumulados até março e dentro do limite de meta definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano: entre 1,5% e 4,5%.

Juros mais altos

Apesar da inflação manter uma tendência de queda, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu nesta semana o ritmo da queda da Selic, taxa básica de juros da economia brasileira. Ela caiu na quarta-feira (8) de 10,75% ao ano para 10,50% ao ano. O corte de 0,25 ponto foi menor do que o das últimas seis reduções e do que o esperado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Nas últimas semanas, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, já havia dado sinais de que a taxa Selic cairia menos do que 0,5 ponto porcentual. Segundo ele, o Brasil estaria novamente sob risco de alta da inflação por conta da queda do desemprego.

Segundo Campos Neto, com menos pessoas procurando trabalho, empresas estão tendo dificuldades em contratar. Estão sendo então obrigadas a oferecer salários mais altos. Isso tenderia a elevar os custos de produção e, por fim, os preços, causando inflação.

Economistas de bancos, porém, veem a inflação em queda no Brasil. Eles estimam que o IPCA feche o ano em 3,71%. Há quatro semanas, a previsão era de 3,76%. No começo de 2024, era de 3,90%.

O que é Selic?

A taxa Selic é referência para a economia nacional. É também o principal instrumento disponível para o BC controlar a inflação no país.

Quando ela sobe, empréstimos e financiamentos tendem a ficar mais caros. Isso desincentiva compras e investimentos, o que contém a inflação. Em compensação, o crescimento econômico tende a ser prejudicado.

Já quando a Selic cai, os juros cobrados de consumidores e empresas ficam menores. Há mais gente comprando e investindo. A economia cresce, criando empregos e favorecendo aumentos de salários. Os preços, por sua vez, tendem a aumentar por conta da demanda.

Desde que assumiu o governo, o presidente Lula defende uma redução da Selic. Para ele, caso ela passe a cair de forma mais lenta, Campos Neto poderia ser culpado por um crescimento menor.

*Com informações da Agência Brasil

Edição: Matheus Alves de Almeida