Contrariando as expectativas de economistas do mercado financeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (18) elevar pela sétima vez seguida a taxa básica de juros da economia nacional. O aumento foi de 0,25 ponto percentual e elevou a chamada Selic para 15% ao ano, a maior taxa desde 2006.
Segundo a edição mais recente do Boletim Focus, pesquisa semanal do BC com expectativas do mercado financeiro sobre indicadores econômicos, a taxa básica seria mantida em 14,75% ao ano até o fim de 2025, iniciando uma redução em 2026.
A previsão levava em conta a acomodação dos preços no país. Nos últimos 12 meses encerrados em maio, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 5,32% – acima da meta de até 4,5% definida pelo governo para o ano. Até abril, porém, esse índice acumulado era maior: 5,53%.
No entanto, o Copom, presidido pelo economista Gabriel Galípolo, não considerou essa redução da inflação suficiente para encerrar o ciclo de altas de juros que já dura 11 meses.
A última vez que o Copom se reuniu e decidiu não subir os juros havia ocorrido no final de julho do ano passado, quando o órgão ainda era presidido por Roberto Campos Neto. Na época, a taxa ficou em 10,5% ao ano – 4,5 pontos abaixo da atual.
O que é Selic
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional e serve de referência para as demais taxas da economia. Ela é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle. O BC atua diariamente comprando e vendendo títulos públicos federais para manter a taxa de juros próxima do valor definido na reunião.
Quando o Copom aumenta os juros, isso encarece o crédito e estimula a poupança. Por isso, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia.
Ao reduzir a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, estimulando a atividade econômica.
O Copom se reúne a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.
Meta de inflação
Pelo novo sistema de meta contínua em vigor desde janeiro, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), comandado pelo governo, é 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior é 4,5%.
No modelo, a meta passa ser apurada mês a mês, considerando a inflação acumulada em 12 meses. Em maio de 2025, a inflação desde junho de 2024 é comparada com a meta e o intervalo de tolerância. Em junho, o procedimento se repete, com apuração a partir de julho de 2024. Dessa forma, a verificação se desloca ao longo do tempo, não ficando mais restrita ao índice do fim de cada ano.
No último Relatório de Inflação, divulgado no fim de março pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a previsão de que o IPCA termine 2025 em 5,1%, mas a estimativa pode ser revista, dependendo do comportamento do dólar e da inflação. O próximo relatório será divulgado no fim de junho.
*Com informações da Agência Brasil