Meio ambiente

Radinho BdF celebra Década dos Oceanos debatendo a importância de preservar os mares

‘É preciso que os governantes invistam em saneamento básico para preservar os oceanos', diz Isabela, de 13 anos

Ouça o áudio:

Estudo feito em 2020 pela agência científica australiana CSIRO’s aponta que ao menos 14 milhões de toneladas de lixo são jogadas no oceano todos os anos - Projeto Baleia Jubarte/ Petrobras
Oceanos são responsáveis pela maior parte do oxigênio que respiramos

Plásticos no mar, pesca para além do necessário, falta de saneamento básico e lixo deixados nas praias por turistas. Esses foram algumas dos principais problemas para a saúde dos oceanos identificados por crianças que vivem perto do mar e o utilizam como um espaço de lazer, diversão e de aprendizado.

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“Aqui onde eu moro tem vários lixos na praia e encalham vários animais mortos, por conta do lixo. Sempre encalha pinguins, tartarugas e peixes”, conta Raiane Rafael de Souza Romão, 10 anos, que mora na praia Vermelha, uma comunidade tradicional caiçara de Ilhabela, em São Paulo.

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Em 2021 começa a chamada Década dos Oceanos, um período instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) para encontrar soluções para a preservação dos mares. Ao estabelecer os oceanos como assunto principal da agenda ambiental até 2031, a ONU faz um importante trabalho de incentivar novas formas de os seres humanos se relacionarem com o mar e com a vida marinha.

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Um estudo feito em 2020 pela agência científica australiana CSIRO’s aponta que ao menos 14 milhões de toneladas de lixo são jogadas no oceano todos os anos. Com o tempo, esse plástico vai se deteriorando e se transforma em microplásticos, que vão para as profundezas do mar.

“Eu fico muito preocupado com o meio ambiente. Aqui onde eu moro tem quiosques e vem muitos turistas que deixam lixo na praia”, diz Marcos Tenório, 9 anos, que mora na Praia da Fome, em Ilhabela.

Chamando a responsabilidade

Vale lembrar que as grandes empresas são as principais poluidoras dos oceanos e que os governos têm a obrigação de fiscalizá-las para garantir a preservação dos recursos naturais, além de implantar ações para recuperar o que já foi contaminado pela ação humana.

“Eu resolveria essa questão de duas formas: primeiro conscientizando as pessoas a cuidarem do seu lixo de forma correta; segundo mostrando aos governantes que eles precisam investir em saneamento básico. A gente sabe que muito do lixo que aparece na praia não vem só dos banhistas, mas da correnteza, dos lugares onde não tem esgoto tratado”, avalia Isabela Viola, de 13 anos, que mora em Santos, no litoral de São Paulo, onde surfa desde pequena com seu pai.

Ainda assim, nós também podemos fazer a nossa parte para evitar que o lixo chegue no mar. “A gente sempre pode levar uma sacolinha para não deixar nosso lixo ir para o mar. Se ele for para o mar os animais correm grande perigo. Uma vez eu fui na ilha com o meu avô e viu duas tartarugas mortas porque engoliram um saquinho plástico”, conta Lívia Costa Cordeiro dos Santos, de 10 anos, que mora em Niterói, no Rio de Janeiro.

Greenpeace

Quem analisou a situação dos oceanos junto com as crianças foi Thiago Almeida, especialista em Clima e Justiça do Greenpeace, uma das principais organizações não governamentais do mundo na defesa do meio ambiente.

“Hoje os principais problemas dos mares são a sobrepesca, a acidificação dos oceanos e também o plástico. Ele vai se desfazendo e peixes e tartarugas acabam comendo as partículas de plástico, ficam no corpo desses aniamis. E a gente que come peixe acaba também comendo esse plástico”, diz Thiago.

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Em uma entrevista exclusiva para o Radinho BdF, Thiago avaliou o impacto que a degradação dos oceanos pode causar na vida humana.

“Os oceanos também são responsáveis pela maior parte do oxigênio que a gente respira. São as algas e plânctons que vivem nos oceanos, e que servem de alimentos para peixes e baleias, que mais geram oxigênio para o planeta, mais até que as florestas”, conta.

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Para a Antártica com os Klinks

As mudanças nos oceanos causadas pela ação humana foram narradas por quem está no mar já há muitos anos: a jovem velejadora Tamara Klink, de 24 anos, filha dos também velejadores Marina e Amyr Klink. Em 1984, ele atravessou o Oceano Atlântico sozinho em um barco a remo, em uma viagem que durou 100 dias. Depois disso, fez diversas outras travessias oceânicas com a família.

“Quando a gente está em terra as vezes a gente esquece do mar e da importância que ele tem na nossa vida. No oceano existem milhões de peixes, algas e moluscos que são impossíveis de ver com nossos próprios olhos. A verdade é que o ser humano ainda conhece pouco sobre o que tem no fundo do mar”, diz Tamara.

Quando era criança, ela e suas irmãs, Laura e Marina Helena, fizeram várias viagens com os pais de barco para a Antártica, o continente gelado no extremo sul do planeta Terra. Na volta, escreveram um livro infantil sobre a aventura, chamado “Férias na Antártica”.

“Na Antártica a gente viu muitas baleias, pinguins, montanhas brancas de neve e icebergs maiores do que muitos bairros. Mas eu ficava pensado: se a gente cuida de um lugar tão escondido, porque não cuidamos da natureza perto das nossas casas?”, questiona. “Todo lixo que chega nos rios vai para os mares. Um copo de plástico vai durar muito mais que a nossa vida. A gente vai embora e todas as escovas de dentes que usamos continuarão existindo.”

Tamara ela está se preparando vir da França, onde mora, até o Brasil velejando sozinha em seu pequeno veleiro chamado Sardinha. É possível acompanhar essa grande viagem pelo perfil dela no Instagram.

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Uma árvore generosa

Pela voz de Victor Cantagesso, artista educador do Programa de Iniciação Artística (Piá) de São Paulo, as crianças ouvem a história “A Árvore Generosa”, escrita por Shel Silverstein, com tradução de Fernando Sabino. Nela, um menino pra lá de esperto tinha como melhor amiga uma árvore. Com o tempo, ele passou a fazer exigências cada vez mais difíceis para sua amiga atender. O que será que aconteceu com ela?

Para completar o programa, a vitrolinha BdF coloca as crianças para dançar ao som de “Peixinhos do Mar”, dos Barbatuques, “Bichos do Mar”, do Lenini, e “Navegante”, do Badulaque.

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Toda quarta-feira, uma nova edição do programa estará disponível nas plataformas digitais. / Brasil de Fato / Campanha Radinho BdF

Sintonize

O programa Radinho BdF vai ao ar às quartas-feiras, das 9h às 9h30, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM na Grande São Paulo e 93,3 FM na Baixada Santista. A edição também é transmitida na Rádio Brasil de Fato, às 9h, que pode ser ouvida no site do BdF.

Em diferentes dias e horários, o programa também é transmitido na Rádio Camponesa, em Itapeva (SP), e na Rádio Terra HD 95,3 FM.

Assim como os demais conteúdos, o Brasil de Fato disponibiliza o Radinho BdF de forma gratuita para rádios comunitárias, rádios-poste e outras emissoras que manifestarem interesse em veicular o conteúdo. Para fazer parte da lista de distribuição, entre em contato pelo e-mail: [email protected].

Edição: Sarah Fernandes